segunda-feira, fevereiro 15

Violão e afins

Violão Vadio
(Baden Powell e Paulo César Pinheiro)

Novamente juntos eu e o violão
Vagando devagar, por vagar
Cantando uma canção qualquer, só por cantar
Mercê da solidão
Vadiando em vão por aí
Nós vamos seguir
Outra rua, outro bar
Outro amigo, outra mão
Qualquer companheira, qualquer direção
Até chegar em qualquer lugar
Qualquer que seja a morte a esperar
Jamais meu violão me abandonará
Se eu vivi, foi inútil viver
Já mais nada me resta saber
Quero ouvir meu violão gemer
Até me serenizar.
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Canção imortalizada na voz de Elizeth Cardoso. Também gravada por MPB-4, Zé Luiz, Cauby Peixoto, Baden Powell, Elizeth Cardoso e Rafael Rabello, Os Cantores da Lapinha, Raul de Barros, Os Três Morais, etc.

O violão foi meu companheiro durante difíceis e solitários anos da minha adolescência. Hoje toco pandeiro, mas comecei tocando violão, aos 12, 13 anos. Meu primeiro professor chamava-se Umberto, um italiano. Dava aulas no Clube Palmeiras. Eu era tão apaixonada pelo violão que ficava lá o dia inteiro tocando, sem parar. Ele, figuríssima, pedia pra eu ficar ensinando alguns acordes pros alunos dele enquanto ele ia até ali resolver "um probleminha". E voltava horas depois. Me pagava com palhetas, aquelas bem coloridas, que eu colecionava. Certa vez teve um concurso patrocinado pela Gianinni, pros mais de 300 alunos dele. Ganhei primeiro lugar, um violão que tenho até hoje. Mas nem isso foi suficiente pra eu continuar.

Quando comecei a frequentar o Bom Motivo, em 1987, e me deparei com alguns dos melhores violonistas do Brasil, desisti. Vi que eu nunca ia tocar daquele jeito. E eu tinha muita vergonha de cantar. E, lógico, acima de tudo, não tive bons professores. Se eu tivesse tido, sem dúvida, teria seguido carreira de violonista, talvez erudita, por conta da minha timidez. Ou não. Mas achei essa foto aqui, bateu saudades.

Na vitrola:

* Carnaval Turbilhão, do Maurício Pereira - fresquinho, acabou de sair pela Lua. Muito legal, só marchinhas, animadíssimo.

* Pra contar, da Nadja. CD produzido por Filó, com participação dele, da Léa Freire, do Laércio de Freitas, dentre outros. Tem duas músicas que eu adoro e que não ouvia há muito, muito tempo:

Brisa do Mar
(João Donato e Abel Silva)

Brisa do mar
Confidente do meu coração
Me sinto capaz de uma nova ilusão
Que também passará
Como ondas na beira de um cais
Juras, promessas, canções
Mas por onde andarás
Pra ser feliz não há uma lei
Não há, porém, sempre é bom
Viver a vida atento ao que diz
No fundo do peito o seu coração
E saber entender
Os segredos que ele ensinar
Mensagens sutis
Como a brisa do mar.
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Gravada também por Nana Caymmi, Os Cariocas, João Donato, Lisa Ono, etc.

Mudança dos Ventos

(Ivan Lins e Vitor Martins)

Ah, vem cá, meu menino
Pinta e borda comigo
Me revista, me excita
Me deixa mais bonita

Ah, vem cá, meu menino
Do jeito que imagino
Me tira essa canseira
Me tira essas olheiras

De esperar tanto tempo
A mudança dos ventos
Pra me sentir com forças
Pra me sentir mais moça

Ah, vem cá, meu menino
Pinta e borda comigo
Me revista, me excita
Me deixa mais bonita

Ah, vem cá, meu menino
Do jeito que imagino
Me tira essa vergonha
Me mostre, me exponha
Me tire uns 20 anos
Deixa eu causar inveja
Deixa eu causar remorsos
Nos meus, nos seus, nos nossos.
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Gravada também por Nana Caymmi, Grupo Folia de 3, etc.

* Saci, de Gilson Silveira - percussionista e compositor mineiro radicado na Itália. Nos conhecemos em janeiro agora, em Curitiba.

* Impressões sobre Maurício Carrilho e Meira, de Teca Calazans - Achei esse discaço numa liquidação. Incrível q ele foi lançado há mais de 3 anos, por uma gravadora aqui de SP, a Umes, e eu nunca tinha ouvido falar. LAMENTÁVEL! A divulgação da Umes é mesmo expressionante. Bom, eu amo a Teca Calazans. E falar o que das belíssimas músicas do Maurício Carrilho e do Paulo César Pinheiro? O CD traz seis delas, uma mais linda do que a outra. E lindas músicas do Meira, com vários parceiros. Discaço:

Lágrima
(Maurício Carrilho/Paulo César Pinheiro)

Lágrima
Quem já não chorou uma lágrima
Quanta história existe
Nessa simples gota d´água
Todo ser, mal acaba de nascer
Já começa a chorar
Chora pra vida chegar
E só vai mudando o choro
Ao sabor da sorte, mas
Vai chorando até a morte, vai
Lágrimas de desengano
E de felicidade, ai, coração
Só vai separando em nós
As águas mais amargas
As mágoas de dor
Das doces lágrimas de amor
Lágrima é o claro espelho de uma alma
Que desespera e que acalma
Que transparece o sentimento
É mais
É louça de um vitral
Que traz a vida ali partida em fragmentos
É gota de cristal que escorre pelo rosto
E a gente fica exposto assim nesse momento
A quem quiser nos ver
Do jeito que tinha que ser
A lágrima é a mais pura imagem
Que se tem de dentro
E eu choro agora esse pesar
Da grande pena que me dá
De quem já não consegue mais chorar.

3 Comments:

Anonymous Daniel Brazil said...

Adorei os afins, Roberta. Você está uma gracinha tocando violão!
E as referências musicais, sempre supimpas.

Beijo,

fevereiro 19, 2010 10:53 PM  
Blogger Arthur Tirone said...

Belíssimo Iate, Rô!

Beijo.

março 05, 2010 10:45 AM  
Anonymous Anônimo said...

Eu tbm não conhecia esse CD da Teca! Mas estava perdido na livraria Cultura e agarrei..

maio 11, 2010 6:39 PM  

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